quinta-feira, 13 de março de 2014

Condições de trabalho e o processo de adoecimento de servidores e magistrados no Poder Judiciário do País

O contexto atual do Poder Judiciário no país é caracterizado por um conjunto de mudanças que tem interferido diretamente na organização e gestão do trabalho de servidores e magistrados. Conhecer os aspectos que configuram essa conjuntura é condição fundamental para compreendermos a relação entre as atividades que desenvolvemos na prestação jurisdicional e a nossa condição de saúde.


Pensando nisso, consideramos que no processo de trabalho no Judiciário existem muitos fatores que podem contribuir para o adoecimento dos trabalhadores, como por exemplo: as condições do espaço físico de trabalho; a pressão demandada para o cumprimento dos prazos – nem sempre acompanhada da estrutura necessária para fazê-lo; a exigência de ritmo excessivo de produção; as tensas relações vivenciadas no ambiente de trabalho; a requisição de novas responsabilidades e atribuições – sem serem oferecidas, muitas vezes, a formação e a capacitação necessária; a forma de organização da gestão; o aumento da violência no trabalho, dentre outros fatores.
Todos esses aspectos são descritos por estudos que caracterizam a organização e gestão do trabalho no Poder Judiciário do país. Nesse sentido, como bem assinala Cunha (2007), sabemos que no trabalho:
  “o indivíduo passa grande parte de seu tempo vivenciando situações diversas para desempenhar seu   papel – exigências físicas e mentais, condições inadequadas de trabalho, conflitos gerenciais, interações pessoais, mudanças políticas e organizacionais – que podem interferir na sua condição de saúde” (Cunha, 2007, p. 58).
A partir desse contexto, vários Tribunais no país têm desenvolvido análises sobre o processo de adoecimento dos servidores e magistrados e têm proposto ações para a promoção da saúde. Como é o caso do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, do Tribunal Regional do Trabalho (2ª e 5ª região), que desenvolvem avaliações sobre o nível de stress, a carga mental de trabalho e o realizam levantamento sobre o adoecimento e as licenças médicas. Além disso, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, de Minas Gerais, de São Paulo, desenvolvem programas de qualidade de vida no trabalho e de atenção à saúde do trabalhador (IV Congresso Brasileiro dos Serviços de Saúde do Poder Judiciário, 2013).

Entretanto, compreendemos que em momentos de mudança a continuidade dessas ações pode ficar comprometida por não existir uma Política de Atenção à Saúde para todos os Trabalhadores do Poder Judiciário do país.  
Existe uma sinalização do Conselho Nacional de Justiça para a formulação desta política: CLIQUE AQUI
Você considera importante a criação desta política? Como você observa o contexto de trabalho do Poder Judiciário atualmente? Comente!

Literatura consultada:
CUNHA, Jane Cléia Cardoso de Bittencourt. Adoecimento e afastamento do trabalho de servidores públicos estaduais de Santa Catarina, 1995 a 2005. Florianópolis, 2007.
Anais do IV Congresso Brasileiro dos Serviços de Saúde do Poder Judiciário. Saúde no Judiciário – Cenário atual, perspectivas e realizações. 06 a 08 de novembro – Brasília/DF.